domingo, 14 de março de 2010

Educação e indiferença nacional

No Brasil se fala sempre que a educação é fundamental na vida das pessoas, mas, mostram os fatos, que não damos muito valor a ela. Pego o exemplo da divulgação na semana passada de um estudo encomendado pelo Ministério da Educação para analisar se as 294 metas do Plano Nacional de Educação foram cumpridas. O Plano foi criado em 2001 para se ter uma política de Estado na educação. Que ela não fosse afetada nas mudanças de governos. Um governo seguiria o outro ao invés de modificar porque tal coisa foi feita no governo que passou. Metas deveriam ser cumpridas pelos três entes federados naquele período.

Pois bem, no estudo feito apenas 33% das metas foram cumpridas entre 2001 e 2008. Alguém ouviu ou leu algum clamor popular sobre essa bomba negativa na vida nacional? Houve alguma manifestação da classe política, donas-de-casa ou até mesmo dos professores sobre o assunto? Uma notícia dessas deveria ter uma reação cujo barulho seria ouvido no mais longínquo pedaço desse país. Foi como se nada tivesse acontecido. E num setor que, sem ele, a tal ida para o primeiro mundo nunca vai chegar.

Mostrou a pesquisa elaborada por universidades federais e pelo Inep (ligado ao MEC) que o Plano previa que 50% das crianças de zero a três anos estivessem matriculadas em creches até 2010. Até 2008 somente 18,1% dessas crianças estavam em creches. No ensino médio, 16% dos alunos na faixa etária ideal estão fora da escola. Nas universidades previa-se atingir o total de 30% de jovens estudando ali. Chegou-se a 13,7%. Erradicar o analfabetismo também não foi atingido. Temos ainda 14 milhões de analfabetos com 15 anos idade ou mais. A evasão do ensino médio era para ser diminuída 5% ao ano. Não foi cumprida também. A boa noticia é que o ensino fundamental chegou a 97,6% de presença nas escolas e ainda foi aumentado de oito para nove anos. Também foi boa a notícia de que crianças de quatro a seis anos, cuja meta era 80% de matrícula até 2010, atingiu, em 2008, 79,8%. Alguns educadores culpam os governos pelo fracasso por não cumprirem as metas financeiras que previa o Plano. Era para se ter, até 2010, 7% do PIB para a educação. No governo FHC chegou-se a 4,8% e no do presidente Lula foi a 5,1%. Dinheiro é importante para ajudar a melhorar a educação no país. Mas talvez existam outros motivos por trás dessa quase hecatombe. Pesquisa mostrou, como exemplo, que a grande maioria dos pais está contente com a educação que seus filhos têm nas escolas públicas. Ela é deficiente, precisaria da pressão dos pais para que melhore. Acham que está bom demais, como diria o cuiabano mais antigo. Mas, para não terminar com pessimismo, talvez possa ser dito que essa, digamos, apatia nacional tem raiz na pouca educação dos atuais pais. Que - Deus é brasileiro - numa próxima geração isso mudaria. O diabo é que as coisas do mundo estão aceleradas frente à brutal globalização. O receio é chegar atrasado, outra vez, ao banquete. Chega de migalhas.

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